Num país onde qualquer pessoa pode se candidatar - tendo ela alguma ou nenhuma formação -, onde a quebra de sigilo fiscal vira algo corriqueiro (e permanece sem resolução, numa tentativa patética de abafar e minimizar os estragos causados), onde não há discussão acerca de planos de governo e sim verdadeiros combates inflamados deste contra aquele candidato (muitas vezes levado para o lado pessoal), fica uma pegunta no ar: onde é que nós vamos parar?
Assistir a propaganda eleitoral gratuita é uma verdadeira tortura. Candidatos que surgem do nada, que fazem piada com a nossa cara com a maior naturalidade do mundo, que não têm sequer um plano de governo (quanto menos uma diretriz decente ou alguma linha de raciocínio plausível). Tá foda de aturar.
A decisão judicial - já revista, graças a Deus - de proibir os programas humorísticos e demais meios de comunicação de fazer graça com os políticos não tinha lá muita razão de existir, uma vez que a própria propaganda eleitoral é uma palhaçada completa. É mulher fruta, cantor, jogador de futebol, palhaço, bispo, missionário, homem que bate em mulher...Mais 'engraçado' que isso, impossível! Muitas pessoas comemoraram a decisão do ministro Ayres Britto, de suspender o inciso II do artigo 45 da Lei Eleitoral (nº 9.504/97). Eu, ao contrário, não vi nenhum motivo para tal; comemorar a volta da liberdade de expressão e de pensamento, quando na verdade ela já era prevista na Constituição, só me leva a constatar uma coisa muito triste: sim, chegamos ao fundo do poço. O pior, a meu ver, é que esses direitos estão sendo desrespeitados de forma maquiada, aos poucos; não pode isso, não pode aquilo e ninguém fala nada. Daqui a pouco vão decidir o que devo usar, aonde posso me divertir, quem eu devo escutar e, aí sim, adeus democracia! Que volte a ditadura!
Sabe qual os dois problemas do brasileiro? Um: ele é acomodado. Para que trabalhar se eu tenho o Bolsa Família? Para que estudar se eu tenho cota nas Universidades Federais? Para uma grande maioria está bom do jeito que está; então pra quê abrir mão da mordomia? Estudar, trabalhar, lutar para ser alguém na vida, investigar a vida do candidato e avaliar quem está melhor preparado para assumir determinado cargo com competência é trabalhoso demais. Melhor ficar com as migalhas que o governo oferece. Dois: o pessoal tem memória curta; os casos do Waldomiro Diniz (em 2004), o Mensalão e os dólares na cueca (ambos de 2005), caso dos Aloprados (em 2006) e o Dossiê contra FHC e sua esposa (em 2008) permanecem sem solução. E tem muita gente que nem se lembra mais de nenhum desses casos. Agora, quando a coisa apertar, quero ver nego botar a culpa nos caras que estão lá no poder. Não se esqueçam de que eles só estão lá porque nós, eleitores, os elegemos. Política, ainda que não pareça, é coisa muito séria. Por isso, um conselho: pense bem em quem você quer ver defendendo os seus e os interesses de todos os brasileiros, seja na Presidência, no Congresso Nacional ou nas Câmaras Municipais. Quatro anos não passam assim tão rápido e se lamentar depois não vai tirar os caras de lá. Consciência meu povo, consciência... Porque, pode sim, ficar pior do que já está!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
E aí, o que achou?